Segmentos culturais se reúnem durante esse feriadão prolongado para aprenderem a elaborar projetos e concorrerem aos R$ 26 milhões que serão investidos na cultura de Roraima por meio da Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022). A oficina promovida pela Superintendência de Programas Especiais da Assembleia Legislativa de Roraima se iniciou nesta quinta-feira (8), na sede da Escolegis no bairro Liberdade.
Serão quatro dias de imersão para construção de projetos culturais e elaboração de portfólios dos fazedores de cultura, principalmente dos segmentos indígenas e de terreiros (umbanda e candomblé). Quinta e sexta-feira, de forma presencial, das 9h às 12h e das 14h às 17h, e no sábado e domingo, por canal online.
As informações de como elaborar um projeto, os passos para portfólio criativo e atraente são repassados por facilitadoras. Carolina Uchôa explica que o projeto com as ideias “amarradas” deixa o processo menos burocrático. “A Lei Paulo Gustavo logo terá edital e nós temos hoje em Roraima muitos agentes, fazedores de cultura, e muitos não estão capacitados para inscrever seus projetos e é muito importante dizer que é a primeira vez no Estado que eles têm esse acesso, esta oportunidade de se capacitar”, complementou.
A representante da Associação de Filhos e Amigos do Àshé Tàta Bòkúlê, Carla Barbosa, integra a turma do intensivão. A iniciativa, para ela, ajudará quem não conhece os passos dos projetos. Além disso, contribuirá para que as representações da cultura de matrizes africanas participem mais e quebrem tabus na sociedade.
“Eu vim aqui para me capacitar e compartilhar com os meus porque lá somos muitos e é uma oportunidade única para todos os artistas. Quem trabalha com cultura, vai poder disseminar suas artes, pois pela nossa cultura contamos história”, ressaltou.
Conforme Carla, há um calendário de eventos do candomblé, por exemplo, que poderiam concorrer em editais culturais. “Nós trabalhamos o artesanato, dança, musicalidade, a culinária que é muito rica para desmistificar que o candomblé não é a macumba, mas uma cultura muito grande”, explicou.
A oficina “Projetos Culturais, Lei Paulo Gustavo – Contribuindo com os Novos Rumos da Cultura de Roraima” se iniciou na segunda-feira (5) na Escola Estadual Lobo D’Almada, no Centro de Boa Vista, com duração dez 10 dias. Somada ao intesivão deste fim de semana, a Superintendência de Programas Especiais atinge cerca de 250 pessoas.
O professor Natan Monteiro tem o sonho de mostrar para a sociedade o poder da música indígena. “Trabalhamos com instrumentos originais, como a flauta indígena, o maracá, tambores, com os artesãos da comunidade. As músicas desenvolvidas lá são nas línguas Macuxi e Wapixana”, explicou. Ele leciona música e coordena coral na Comunidade Indígena da Barata, no município de Alto Alegre.
Dos cerca de R$ 26 milhões para serem investidos na cultura por meio da Lei Paulo Gustavo, 70% são para atender às demandas do audiovisual e os 30% direcionados para outros segmentos. Os valores serão disponibilizados por intermédio de editais, chamamentos públicos, premiações, aquisição de bens e serviços, bem como por outros meios de seleção pública.
Conforme o superintendente de Programas Especiais do Poder Legislativo, Pablo Sérgio, a Assembleia tem atendido aos pedidos dos segmentos culturais. “Enquanto muitos curtem o feriado prolongado, tem um pessoal aqui estudando para elaborar projetos, pois serão mais de R$ 26 milhões pela Lei Paulo Gustavo para aquecer a economia de Roraima e é importante que nossos artistas saibam elaborar seus projetos para participarem”, contou.
O trabalho começou em abril deste ano com a realização do Seminário “Novos Caminhos para a Cultura de Roraima”, no Plenário Noêmia Bastos Amazonas. Desde então, a Casa tem se mostrado ativa nas construções de ideias para a cultura do Estado com encontros e reuniões para nortear os artistas e produtores conforme a Lei Complementar Federal nº 195/2022.
Texto: Yasmin Guedes
Foto: Eduardo Andrade
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